sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quem ama nunca esquece

O verdadeiro amor deixa marcas. Na cabeça, no corpo, na alma, no coração. Porque o timing não era o ideal, porque a cabeça não quis ou porque a vida não deixou, já todos deixámos escapar aquele que, se calhar, era 'o tal'. Mas mesmo que a vida continue - e que outras paixões (e amores) nos arrebatem - as memórias não perdoam e o sentimento acorda sempre que o voltamos a ver, ou que ouvimos falar dele. O verdadeiro amor não acaba. Quanto muito adormece. 
O amor anda (outra vez) no ar no Porto desde quarta-feira à noite. Depois de um jogo polémico em Braga, não se fala de outra coisa no café, no quiosque da esquina, na paragem do autocarro, na fila no supermercado, no treino no Olival. Dizem que "o Porto voltou", que "o monstro acordou", que a equipa (e os adeptos) está mais unida que nunca. Numa noite marcada pelas expulsões de Reyes e Evandro e do dirigente portista Antero Henrique, pelas defesas de outro mundo do 'velho' Helton e pela entrada a pés juntos do presidente Pinto da Costa na flash interview, numa noite em que o empate frente aos Guerreiros do Minho foi o que menos importou, nessa noite quem venceu foi o amor. Porque o ódio e a revolta dos azuis e brancos perante o que sentiram ser uma arbitragem injusta e prejudicial fizeram acordar um amor que andava adormecido. Acordou o presidente do clube, acordou a equipa, acordaram os adeptos - que até foram esperar os jogadores ao Dragão, mesmo que o jogo tenha sido a contar para a Taça da Liga. 
O FC Porto andava com o coração partido. O sentimento estava lá, mas poucos pareciam importar-se se havia romance. A raça portista voltou, a equipa foi buscar a mística à gaveta das recordações e os adeptos mandaram mensagem a dizer "Tinha saudades tuas". E para eles "o campeão voltou". E veio tudo outra vez à cabeça: os momentos bons, os momentos muito bons, os momentos inesquecíveis. O bom do mau é que nos recorda o que é (ou já foi) incrível. E quem ama nunca esquece. Adormece. Mas nunca esquece. É sexta-feira e a noite convida à brincadeira. Mas os portistas querem é ficar em conchinha na cama, no quentinho, à luz das velas, depois de terem feito as pazes com o amor de sempre e de antigamente. Pelo menos até chegarem à Madeira. 

Sem comentários:

Enviar um comentário