quinta-feira, 23 de março de 2017

"Mourinho? I used to love him, not anymore!"

Na passada segunda-feira, em Stamford Bridge, ouvi uma portuguesa perguntar ao funcionário da loja oficial do Chelsea se tinha algum artigo relacionado com Mourinho. Uma camisola, um pin, um íman, um cachecol, anything. A resposta foi imediata: "Mourinho? I used to love him, not anymore! Maybe you should try in Manchester...". Ainda assim, num dos muros que rodeiam o estádio do clube, persiste uma fotografia gigante do outrora Special One, agora Judas. 


Adepto de futebol tem quase sempre memória curta. Ou pelo menos selectiva. Tal como nesta fotografia, há poucos dias Mourinho esticou três dedos para as bancadas e recordou aos adeptos do Chelsea que foram três os títulos de campeão que para eles conquistou. Blue was the colour, but football is the game. 

Amor e ódio andam de mãos dadas no futebol inglês e nas ruas. Dois dias antes do atentado na ponte de Westminster também eu parei a meio do tabuleiro para tirar selfies com o Big Ben, como tantos outros que ontem por lá passavam e foram atropelados por um ódio cego de um Judas (esse sim) que nasceu no Reino Unido. Pessoas que, como eu, em dia de aniversário, estavam de bem com a vida e com o mundo. Até que tudo mudou. Mais depressa do que a roda-gigante London Eye deu a volta...

Volto à resposta do funcionário do Chelsea: "Mourinho? I used to love him, not anymore!". A ambivalência emocional, afectiva, sobretudo no futebol, é completamente normal. 'Ódio' eterno aos clubes rivais e aos 'peseteros' desta vida. Já para o terrorismo não há explicação. Não há nem pode haver.