quarta-feira, 18 de maio de 2016

A fila anda

Hoje foi mais um dia de trânsito caótico na VCI. Lado a lado, condutores desesperados tentam furar por onde podem, trocando entre as faixas da direita e da esquerda, para ver se chegam mais depressa ao destino. Há também quem opte por ficar sempre na faixa do meio, quase estacionados e sem reacção. São os conformados. São os que preferem não arriscar, com medo que a fila onde estavam antes parados passe depois a andar. Mas a fila anda para todos. Pode demorar minutos, horas. Mas acaba por andar. 

No futebol como na VCI, a fila lá vai andando. E hoje até foi dia de algumas movimentações: Sérgio Conceição deixa o comando do Vitória de Guimarães, Sanchez renova com o Boavista, Álvaro Magalhães vai treinar o Gil Vicente, Petit renova com o Tondela, Quim Machado deixa o Vitória de Setúbal. Só ainda não se sabe - embora muito se especule - se para Jorge Jesus a fila também vai andar já outra vez. Se fica na faixa do meio da Segunda Circular, parado em Alvalade, ou se ultrapassa pela direita e, por atalhos e contra-ordenações, ruma ao Porto, onde o sinaleiro e amigo Pinto da Costa lhe promete arranjar uma faixa especial, daquelas tipo BUS, que o faça chegar depressa ao tão desejado título de campeão que, por pouco, não conseguiu conquistar no Sporting esta época.

O presidente sportinguista, Bruno de Carvalho, disse hoje estar orgulhoso da equipa, apesar de não terem terminado a Liga em primeiro lugar, acrescentando mesmo que "é uma questão de tempo" até que o clube volte a ser "feliz". "Triste", mas "orgulhoso", até porque, diz Bruno de Carvalho, "o grande Sporting veio para ficar". Só não saberá Bruno é se o actual treinador fica. É que, repito, Jorge Jesus também já é experiente em driblar o trânsito em Lisboa e os condutores benfiquistas ainda não devem ter esquecido quando ele ignorou todas as regras e usou a berma para atalhar caminho. 

Quando se mudou para Alvalade, Jesus chorou e disse ter chegado a casa, para treinar o clube do coração. Talvez queira, para já, continuar em casa e persistir até ser campeão pelo Sporting. Porque pelo Benfica já foi. Ou talvez queira abalar já para o Dragão, aliciado com a promessa de um plantel de luxo. 

Para mim, sempre fez sentido (e faz cada vez mais) aquela frase que nos habituámos a ouvir em filmes, em anúncios publicitários ou até mesmo a ler em canecas e t-shirts um pouco por todo o mundo: "Home is where your heart is". Que, em Português, significa - mais coisa menos coisa - que o nosso lar é onde o nosso coração está. Onde a nossa família, onde o (nosso) amor está. Casas há em todo o lado. Lar só há um. Mas o que vale para mim pode não valer para Jorge Jesus. E na tradução livre do treinador sportinguista, aquela frase pode muito bem querer dizer outra coisa. O lar, o coração de Jesus até podem estar em Alvalade. Mas o Porto até tem casas bem bonitas, com Boas Vistas. "Home is where the money is" ou "Home is where the first place is" podem muito bem ser interpretações feitas pelo ainda técnico dos leões para aquela frase. Até porque toda a gente sabe que Jesus não é propriamente um 'expert' em Inglês. Mas o que é certo é que, para ele, a fila anda sempre. E sempre na direcção que ele escolhe. 






quinta-feira, 12 de maio de 2016

Que alguém festeje um golo como se fosse a última coisa que faz na vida

Morando a 300 km de distância das duas únicas equipas que lutaram por este campeonato, no Porto, este ano, o futebol não mexe. Só arrefece. Entristece. Desilude. Ganhe quem ganhar este fim-de-semana, que nas bancadas alguém me recorde como o futebol é fé, é vida, é alegria, é magia. Que alguém festeje um golo como se fosse a última coisa que faz na vida. Ganhe o Benfica ou ganhe o Sporting. Que ganhe 'o' futebol que já me fez chorar assim (como neste vídeo), de joelhos, junto ao relvado, em vitórias improváveis e quase impossíveis.

A Grandeza do Futebol