sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

De Lisboa com amor

Lisboa trata-me (sempre) bem. Nas vésperas de um FC Porto-Sporting, a rivalidade no futebol não se confunde com um Porto-Lisboa e os mouros estendem a passadeira vermelha à tripeira. Abraços apertados e demorados, almoços bem dispostos e bem regados, troca de galhardetes e piadas, cafés gloriosos e revigorantes com vista para o Estádio da Luz. 
Lá no Porto, 'eles' só querem ver Lisboa a arder. E a Capital, por estes dias, não me desilude e lá vai ardendo, enquanto se driblam as saudades e se mantém a chama acesa entre a terra do Dragão e a Segunda Circular. Só eu sei por que não fiquei em casa. E enquanto o Sporting acorda depois do adeus à Europa, eu passo o(s) dia(s) a dizer 'olá' e a piscar o olho a Lisboa. Pelo menos hoje e amanhã não somos rivais e há muito amor (no ar) e sotaques para dividir até domingo. Num claro empate que sabe a vitória, sem árbitro e sem intervalo. 
E depois lá entramos em campo, com rugidos de Lisboa de um lado e super dragões 'com o Porto até ao fim' do outro, com picardias, com emblemas diferentes no coração e com amores - aí sim - à parte. Um clássico. Mas enquanto não se ouve o apito inicial do Artur Soares Dias, deixem-me saltar com os lampiões, 'partir tudo' na Capital e dizer que 'tripeira eu sou', mas que esta cidade belíssima e esta rivalidade (Porto-Lisboa) fantástica me fazem sempre querer voltar cada vez que daqui parto. La La La La La La La...

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O Vieira não < 3 o Bruno

Não tenho namorado. Hoje, não tenho namorado. Hoje, não vou desfilar no shopping de mãos dadas. Hoje, não vou publicar fotos do almoço ou do jantar romântico do Dia dos Namorados nas redes sociais. Hoje, não vou alinhar na histeria do 50 Sombras de Grey. Hoje, não vou fingir que o amor é fácil e que todos os dias são incríveis. Hoje, não vou comprar uma prenda estupidamente cara para mostrar à minha cara-metade (e ao mundo) o quanto gosto dela. 
Não me interpretem mal: sou pelo amor! Mas para mim o amor está nos restantes dias do ano. Está em cada vez que corro junto ao mar e sinto o vento frio na cara. Está em cada vez que um desconhecido sorri para mim, no trânsito, quando me vê a cantar (e a fazer coreografias) ao volante. Está em todas as vezes que ouço alguém dizer-me "gosto muito de ti". Está em cada vez que grito 'golo' tão alto e com tanta força que fico rouca. Está em cada vez que choro de felicidade. Está em cada vez que revejo o Top Gun, pela enésima vez. Para mim, o amor está em minha casa, quando, todas as noites, vejo os meus pais - casados há 40 anos - adormecerem abraçados. 
Na vida e no amor, reconheço as vitórias porque já sofri (com as) derrotas. Quem diz que nunca sofreu por amor ou é mentiroso ou é parvo. Quem diz que nunca sofreu por amor é certinho que nunca amou. E - que me perdoe Camões - amor é fogo que quando arde, vê-se; é uma ferida que dói e que se sente. Ainda não sei o que é o amor de mãe. Mas sei bem o que é o amor de filha e de irmã. E sei que, por eles, tiro a minha camisola. Pelo Alexandre, pela Lucinda e pela Cláudia viro-me do avesso e faço o que posso e o que não devo. Quebro regras, ultrapasso pela direita, não dou pisca nem peço licença para passar à frente. Discuto, berro, digo o que quero e o que penso, muitas vezes consciente de que entro ainda mais de carrinho do que o Paulinho Santos entrava em campo. Para mim, amar é ser verdadeiro. Dói e sente-se, Camões. O resto é fogo de vista, é um passatempo (alguns duram até uma vida inteira), é esperar que a nossa chamada seja "atendida tão breve quanto possível". E quem, antes de morrer, quiser dizer que viveu - que realmente viveu - mantém-se em linha e não desliga o telefone. Até alguém do lado de lá nos atender.
No amor e na guerra vale tudo. Diz o povo e diz o Luís Filipe Vieira, que não está para amar e arrasa Bruno de Carvalho cada vez que abre a boca. Para o presidente do Benfica não há cá Dia dos Namorados. O anti-amor dos dois clubes da Segunda Circular não é de hoje e, sejamos realistas, nunca terá fim. Vieira e Bruno não passeiam de mãos dadas no Colombo nem no Alvaláxia, um com a mão no bolso traseiro das calças do outro. Vieira e Bruno não trocam juras de amor eterno. Não mandam sms com '<3'. Não aparecem um à porta do outro, a meio da noite, só de gabardine e uma lingerie sexy. Vieira e Bruno não mandam flores um ao outro. Não dão beijos de língua, mas passam a vida no bate-boca. Trocam críticas, ofendem-se, metem o dedo na ferida, vão às pernas e querem lá saber da bola. É só jajão. E se não há respeito não é amor. Mas que ali há tesão, paixão, fogo, faísca...há! 
Em campo ou fora dele, Benfica e Sporting querem - hoje e sempre - comer-se um ao outro (pardon my french). E se todos os clubes andassem enamorados uns pelos outros, não havia competição, só havia jogos amigáveis. O futebol (e tudo à volta) não precisa (nem deve) ser violento nem hardcore. Nem precisa ter very-lights a arder nas bancadas para mostrar que ferve. Mas um campeonato digno desse nome tem que suar a camisola, tem que dar pica e manter a chama acesa. A esta hora, repito, o Vieira e o Bruno não estão a fazer o amor. Nem estarão amanhã, nem depois. Há ódios que só se resolvem de uma maneira, num sítio. E não é nas primeiras páginas dos jornais ou no Facebook. Pelo menos hoje, nesta data especial, arranjem um quarto e façam as pazes.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Chorões 1 - 1 Mijões

Lembrei-me dos bonecos de borracha que simulam comportamentos de bebés mal se ouviu o apito final em Alvalade. O Sporting já cantava vitória e acabou o jogo a chorar com o empate e o Benfica foi 'mijão' e marcou já nos descontos. 
Fora do relvado, nas redes sociais, todos gritam: os sportinguistas dizem que mereciam a vitória, os benfiquistas recordam que continuam à frente na tabela e até os portistas arrotam (de satisfeitos) e batem palminhas. Na verdade querem é todos colinho, mas no fim só ganha quem papar mais pontos. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Até nem tinha pensado comer cachupa, mas assim que ouvi falar deste pitéu...

Ontem à noite quando saí do trabalho - como vos disse aqui - fui ao supermercado. Pelo caminho deu-me um desejo incontrolável de comer cachupa. Como sabem, na minha lista de compras não tinha frango, pé de porco, chouriço, farinheira, toucinho, morcela, milho ou qualquer outro ingrediente necessário para preparar esta iguaria de Cabo Verde. Eu até estava a pensar jantar salmão fumado salteado com grelos, que é mais levezinho para a noite, mas, durante a tarde, no trabalho, ouvi alguém falar de cachupa e fiquei com água na boca. 
Entro no supermercado, já tarde, quase a fechar. Quando chega a minha vez na charcutaria, reparo que já só há um chouriço, mas também é mesmo só um que a receita leva. Peço o enchido ao senhor do talho e este, muito atrapalhado, diz que o chouriço já está prometido a outro cliente, que pediu para o reservar e que "devia estar mesmo a chegar para o levar". Claro está que argumentei com o senhor do talho, explicando-lhe que se o chouriço ainda estava na montra podia ser levado por qualquer cliente, e que dali não abalava sem ele. A muito custo, o homem lá embalou o enchido e vim para casa fazer cachupa. E que bem me soube!
Depois do jantar, já passava da meia-noite - e enquanto fazia a digestão - fui ver como tinha fechado o mercado de transferências de jogadores. E pelos vistos, tal como vos disse antes de ir às compras, o FC Porto foi mesmo buscar o cabo-verdiano Hernâni ao Vitória de Guimarães, oferecendo-lhe um contrato até 2019, com cláusula de rescisão de 30 milhões. O negócio inclui ainda a cedência ao clube minhoto por empréstimo, até ao final da época, dos dragões Sami, Ivo Rodrigues e Otávio. 
Ainda estou a pensar na cachupa de ontem. Não sei se o outro cliente precisava tanto do chouriço como eu, para também preparar uma receita especial. Mas eu não podia ceder. Que quando meto na cabeça que quero alguma coisa, seja porque quero mesmo ou seja por capricho, saiam da frente. E se o senhor que tinha reservado o chouriço e ficou sem ele por minha causa me estiver a ler, desculpe sim? A fome nem era assim tanta, mas assim que ouvi (os outros) falar daquele pitéu de Cabo Verde soube que tinha de o ter no meu prato. Foi assim um desejo de última hora. Quase me soube a pato. 



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Vou ao supermercado. Alguém quer alguma coisa antes que feche?

Molho de soja, cereais, salmão fumado, água, chocolate, bagas goji, gel duche, pasta dos dentes e acetona. Esta é a lista de compras que pretendo fazer esta noite, quando sair do trabalho. Espero que o supermercado não esteja cheio de gente, a competir com os carrinhos pelos corredores, tudo aos berros, a lutar pela melhor promoção e a discutir pelo último pack de qualquer coisa a um euro e com 50% de desconto em cartão. Que é mais ou menos o mesmo que acontece neste momento no mercado de transferências de Inverno, neste que é o último dia para os clubes (portugueses e de outros países) irem às compras.
A esta hora, diz que, entre os três grandes, Hany Mukhtar (Hertha Berlim), Jonathan Rodrígues e Elbio Alvárez (Peñarol) vão reforçar o Benfica, que o Ewerton (emprestado pelo Anzhi) vai para Alvalade, que o Hernâni vai do Vitória de Guimarães para o Porto e que também Anderson de Oliveira aterra no Dragão vindo do Brasil. Diz que. Mas, para já, e até fechar o mercado, é só 'diz que disse'. 
Vou indo antes que o salmão esgote, que aquilo é caro, mas sendo bom nunca há em quantidade. Com o resto da lista não me preocupo, porque compro quase tudo de marca branca. O que é nacional é muito jeitosinho, há - por norma - em maior quantidade e a melhor preço, e não é um grande rótulo que faz um grande produto. Fui.