sábado, 17 de janeiro de 2015

Benfica até atrás das grades


Um homem pode perder tudo. A mulher, a casa, o carro, a playstation, uma grade de minis, a liberdade. Só não pode é perder o direito de demonstrar o seu amor por um clube de futebol. Isso é que não! Escreve o Expresso que a cadeia de Évora quer proibir José Sócrates de ter na cela o cachecol do Benfica que o amigo Barbas lhe foi levar. Culpado ou inocente dos crimes de que é acusado, o antigo primeiro-ministro quer continuar a torcer pelo actual líder do campeonato e continuar a 'ser benfiquista', mesmo que veja o sol aos quadradinhos e que o 'Inferno' agora seja outro. E não me parece que o Zé se vá enforcar com o cachecol, já que é "de um clube lutador, que na luta com fervor nunca encontrou rival neste nosso Portugal", como diz o hino dos encarnados. Culpado ou inocente - repito - o ex-líder do Governo não quer abdicar do cachecol do Glorioso e promete lutar por ele, através do advogado. 
Tirem-lhe a água quente do duche, o cozido à portuguesa, o jogging, os livros de filosofia, o edredão. Porreiro, pá! Mas, por amor ao Eusébio, não tirem o cachecol do Benfas ao recluso número 44. O homem já perdeu tudo - o poder na política, a casa em Paris, o motorista, a conta bancária, o apoio do partido - não pode perder a única coisa que o faz lembrar o que é estar lá em cima, no poleiro. Cantam os No Name Boys: "Benfica, eu sou do coração, Benfica até debaixo d'água". Canta agora José Sócrates: "Benfica, até atrás das grades". Deixem cantar o Zé...

Sem comentários:

Enviar um comentário